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“... Joãozinho andava deslumbrado. Electrizara-o rápido o simpatismo daquele entusiasmo. A sua alma virgem, inebriada, alteava-se ridente, como um balão cor-de-rosa no céu límpido e azul... E meio daquele delírio, parecia-lhe bem triste e destoante a sua jaqueta de pano preto, debruada de larga fita de seda, a sua calça cinzenta de riscado, a sua ampla faixa, também preta, com duas grossas borlas de lã azulclaro. – Queria vestir-se de vermelho.”
Extracto do capitulo III, do romance, escrito em 1896, Mulheres da Beira –A Fritada, de Abel Botelho.
“... Retirou, pensativa e triste, a rapariga. Nunca a tinham recebido assim... Que haveria?... E então que ela naquele dia se tinha arranjado o mais garridamente que pudera para rever o seu amor! – Vestira uma saia nova de burel, com sua larga barra encarnada, toda em recortes; um coletinho decotado e curto, com enfeites de veludinho verde garrafa, acolchetado na frente, jaqueta também de burel, com duas ordens de pequeninos botões multicores, sobrepostos em parte uns aos outros. A camisa forte de estopa subia-lhe em pregas longitudinais à altura do pescoço, que cingia muito justa, para abrir-se depois e cair num largo cabeção de renda. Ao colo uma fiada de pequenas contas de oiro, na cabeça um lenço de ramagens, nos pés uns tamanquinhos brocheados de amarelo. – Tudo afinal, perdido! Que paixão!”...
Extracto do capitulo V, do romance, escrito em 1896, Mulheres da Beira –A Fritada, de Abel Botelho.