Os campos de milho, de centeio e a vinha constituíam uma das riquezas da região Cinfanense.
A sacha era trabalho duro de dias e dias ao sol ardente, amenizado por vezes por lindas canções.
Vinham depois as regas que eram feitas dias e noites consecutivas, uns regando no meio do milho enquanto um casal sobre uma roda ia puxando a água.
A mulher veste saia de riscado, que, quando anda a regar, levanta mostrando o saiote de flanela, que levava ao fundo uma pequena renda, blusa de linho branco, de chita ou de riscado e na cabeça usa lenço de lã ou algodão e chapéu de palha.
Em cima, do lado esquerdo, junto aos cós, apresentam uma abertura, para acesso a pequeno bolso cosido no interior ou para a proprietária se limpar ao saiote depois de urinar, necessidade que fazia quase sempre de pé, sobre mato, palha, ervas ou algo que amortecesse a queda do líquido por forma a não molhar excessivamente as pernas, por vezes era também usada uma algibeira em pano.
A mulher usava as saias sempre compridas, pelo artelho, têm cerca de 4 a 5 metros de roda.
A contribuição da mulher nos trabalhos da cultura vinhateira é importante: apanha as vides, enxofra, acarreta a água para o sulfato, sendo esta uma das suas mais árduas tarefas; vindima e carrega os cestos nos bardos, transportando-os à cabeça para os lagares.
O trabalho nos lagares é feito pelos homens. No entanto, mais de uma vez tem sucedido as mulheres colaborarem também nessa faina. Quando isto sucede, as mulheres vestem trajo masculino, arregaçando as calças ou calçonitos de grossa estopa, até ao cimo da coxa e pisando as uvas com energia, sem mostras de cansaço. Na cabeça põem um lenço costumado e chapéus de feltro ou palha, havendo algumas que, antigamente, se apresentavam de carapuço.
Depois do trabalho árduo da cultura do vinho, havia que o transportar para outros lugares e faziam-no os homens que levavam às costas o odre (saco de coiro ou peles, destinado a transporte de líquidos) ou no animal “ burro ou asno” pelas encostas acima.
As blusas, subidas até ao pescoço, eram forradas de pano barato, se o tecido se revelava transparente, minimamente que fosse. As mangas compridas terminavam em punho trabalhado com alguns cuidados, mesmo se feitas de chita ou de riscado.
Para o frio, os melhores agasalhos eram a capucha e o xaile; mas usavam-se muito também o mandil, a saia e o avental de costas.
O pé descalço era o «calçado» mais corrente. No entanto, os tamancos e as chinelas faziam igualmente parte dos usos, sobretudo se se tratava de ir à Missa, à feira ou à festa.
Para os homens tudo era mais simples: a camisa de linho, as calças de estopa, de seriguilha, de burel, de surrobeco ou de cotim para o trabalho e para o domingo e as festas enquanto tinham ar de novas.
Nos pés bem calejados de quilómetros e quilómetros ao léu apenas os tamancos e os socos, muitas vezes encoirados, que as botas só lá para as sortes e, ainda assim, só no caso de a vida correr bem.
Na cabeça o chapéu de palha ou “braguês” de copa redonda e alta e aba de 7 a 10 centímetros. À medida que envelhecia a aba ia sendo aparada, sendo possível avaliar o tempo de uso de um chapéu pelo tamanho desta. Depois de completamente velho e roto mandava-se ao alfaiate da terra que o renovava cobrindo-o de cotim, num trabalho de habilidade e treino.